Ó Sagrada Face de Jesus, compadecei-vos de nós e do mundo inteiro!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Monte Sinai X Monte Sião

 


No último dia 27 de novembro, viajei com minha família para o Santuário da Medalha Milagrosa em Monte Sião, MG, a fim de fazer a minha consagração total a Virgem Maria, Nossa Senhora das Graças, pelo método de São Luiz Maria Grignion de Monfort (*). 

(*)sobre o método de Consagração Total acesse os áudios explicativos: http://stelamaria.blogspot.com/search?q=%C3%A1udios+explicativos)

É um Santuário maravilhoso que vale a pena conhecer.

Mas, o fato é que nesta visita, fui abordada pelo meu filho sobre o  significado de Monte Sião, ao que eu, imediatamente respondi: "é o Monte Sinai, onde Deus se revelou a Moisés e instituiu os 10 mandamentos".

Contudo, meu filho, ao fazer uma pesquisa rápida, disse: "Não é, mamãe. Desta vez está errada." Diante deste argumento, me dei por vencida, naquele momento, mas fiquei com uma "pulguinha atrás da orelha".

Ao chegar em casa, resolvi pesquisar mais a fundo o tema, para meu próprio conhecimento e, também, para esclarecer a dúvida que pairou no ar naquela conversa.

Bem, sempre soube que "monte" na linguagem evangélica, significa lugar onde Deus se manifesta, ou seja, lugar de revelação, de oração, de adoração, de sacrifício e de entrega e, para mim, todas as vezes que nas Sagradas Escrituras, nos Salmos, principalmente, aparece a expressão Monte Sião, relaciono com "lugar de encontro com Deus" e, por isto, também relaciono com o Monte Sinai, por ter sido o local onde Deus falou com Moisés.

Assim, temos duas visões quanto a expressão Monte Sinai e Monte Sião, a espiritual e a material.

Quanto a expressão material, o Monte Sinai fica no Egito, no sul da península do Sinai. Já o Monte Sião fica em Jerusalém. Lugares diferentes.

No entanto, quanto a linguagem espiritual, temos que foi no Monte Sinai que Moisés recebeu a tábua com os 10 mandamentos, ou seja, onde Deus se manifestou e "falou" com seu povo revelando  e propondo as sagradas regras de convivência para serem seguidas, afim de se manter a sua aliança.

O Monte Sião, segundo a tradição, é o lugar onde existia uma fortaleza que foi  conquistada pelo Rei Davi e que passou a ser chamada de cidade de Davi (2 Sam 5, 6-7). Foi no Monte Sião que Davi construiu o seu palácio e colocou a arca da aliança. Mais tarde Salomão construiu o templo no Monte Moriá, perto do Monte Sião. Dessa forma, Sião passou a designar toda a área que abrangia o monte em que estava o Templo. Por isso "Monte Sião" tornou-se um título poético para se referir à montanha onde Deus habita, a montanha onde está o Templo do Senhor. Também, é no Monte Sião que se encontra a sala do cenáculo, onde Nosso Senhor instituiu a Eucaristia, na última ceia.

A palavra Sião transmite, assim, o sentido de ser o local dos atos divinos de salvação e julgamento.

Portanto, podemos dizer que os dois montes representam lugar da aliança de Deus com seu povo, lugar da manifestação de Deus, onde Ele se revelou e falou com o seu povo.

Na carta aos Hebreus, 12, 18-29, São Paulo faz uma excelente catequese quanto a estas duas expressões, o que elas de fato significam na linguagem bíblica. Na verdade, para nós, pouco importa a localização geográfica destes montes sagrados, mas quando são mencionados nas Sagradas Escrituras, querem nos apontar a diferença entra a antiga e a nova e eterna aliança, selada pelo Sangue Precioso de Jesus. Assim, o Monte Sinai é o princípio e o Monte Sião o fim, a Jerusalém Celeste, a cidade Santa. Vejamos.

Ao ler o relato do livro do Êxodo, 19 e 20, se percebe que a manifestação de Deus ao povo foi descrita por acontecimentos cósmicos, ou seja, trovões, relâmpagos, fogo e fumaça, nuvem espessa e forte clamor de trombeta, eventos que fizeram com que o povo tremesse de medo e não ousassem se aproximar da montanha do Senhor, ou, melhor dizendo, do próprio Senhor, tendo Moisés como o mediador da aliança firmada neste monte, através dos 10 mandamentos. Revela, assim, um Deus maravilhoso, que olha para seu povo, que fala com seu povo, mas que, porém, por causa dos nossos pecados, inacessível: "O Monte que não pode ser tocado" (Ex 12, 20).

Porém, São Paulo explica que não estamos mais sujeitos a este Monte do antigo testamento, monte que transmite tremor e terror, mas que somos convidados a nos aproximar do Monte Sião, a cidade de Deus vivo, a Jerusalém celeste, onde vivem os anjos e santos juntamente com Deus, o justo juiz,  e de Jesus que é o mediador da nova aliança selada com o Seu Sangue Precioso derramado na Cruz. Nesta montanha podemos nos achegar confiantemente, porque Nosso Senhor nos resgatou esta possibilidade com o preço do seu Sangue Precioso derramado. Desta forma, Monte Sião é o lugar escolhido por Deus, para manifestar a sua presença ao seu povo, é a morada espiritual de Deus.

Assim, este Monte que antes era inacessível, em virtude dos nossos pecados, Nosso Senhor tornou-o possível para nós, através do Seu Preciosíssimo Sangue que nos lava e purifica de todo o pecado. Todo aquele que invocar este Precioso Sangue, de todo coração, renunciando a toda má conduta, buscando viver as sagradas regras do Monte Sinai, vislumbra a santa possibilidade de subir ao Monte Sião.

O livro do Apocalipse (Ap.14, 1 e 21, 10)  menciona o Monte Sião, onde está o Cordeiro, acompanhado de seu povo, descreve-o como a habitação de Deus com seu povo,  e a Sião celestial, conforme já profetizou o Rei Davi no salmo 124(125), 1 : "Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre."

Diante de tudo isto, então:

Monte Sinai, local onde Deus manifesta, através de sua voz, os 10 mandamentos e nos convida a segui-Los e obedecê-Los, como forma de manter a aliança. Monte Sião, cidade Santa, local onde Deus habita, juntamente com os anjos e santos, ou seja,  todos os que foram fiéis a aliança proposta no Sinai, aliança esta que foi selada novamente por Jesus, em seu Santo Sacrifício na Cruz, o que corresponde a nova e eterna aliança e que se renova todos os dias através da Santa Missa, na Sua presença na Eucaristia. 

Numa leitura poética, podemos dizer, ao final, que todos nós somos convidados, através do Batismo a viver, pela fé, esperança e caridade, os ensinamentos do Monte Sinai, a fim de que possamos conquistar o Monte Sião, a cidade celeste. Sem jamais esquecer que "monte" é o lugar de encontro com Deus. Subir ao monte nada mais é do que buscar ouvir a Deus na oração, na leitura das Sagradas Escrituras, na vivência assídua dos sacramentos, na meditação do Santo Rosário, atitudes indispensáveis para se chegar um dia ao Monte Sião.

São Paulo, ainda nos alerta: "Guardai-vos, pois, de recusar ouvir aquele que fala. Porque, se não escaparam do castigo aqueles que desviaram quando lhes falava na terra (Monte Sinai), muito menos escaparemos nós, se o repelirmos, quando nos fala desde o céu (Monte Sião). Depois de ter outrora abalado a terra pela sua voz, ele hoje nos faz esta solene declaração: Ainda uma vez por todas moverei, não só a terra, mas também o céu (Ag. 2, 6) " (Hb 12,25-26)

Vamos, sigamos com coragem em busca da terra prometida, da Jerusalém Celeste, da Cidade de Deus, do Monte Sião!

A PAZ!



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